sexta-feira, 31 de outubro de 2008

MEMÓRIA




A arte da memória como qualquer outra atividade depende do exercício cotidiano feito para cultiva-la. Existem lembranças desnecessárias e que por isso são facilmente descartadas, memórias sutís que nem são registradas e as memórias presentes, que após uma auto seleção são configuradas para ficar, chamada memória duradoura.

Mas nesta arte , atuam dois fatores importantes na consolidação da lembrança: a fixação dos fatos e o seu método de resgate.

Quanto maior for a intimidade em lidar com estes dois componentes, maior será a capacidade de lembrar de cada um .

Códigos de fixação de fatos e correlações para o seu resgate , são demosntrações de agilidade de memorização.

Memória é o registro e resgate de fatos, lembrança é um viajar nas páginas da memória. Resgatar uma lembrança , é ter um link no campo da memória, que a traz para o presente.

No decorrer da vida , vamos nos desfazendo de lembranças desnecessárias, sem o percebermos, e ao mesmo tempo não conseguimos nos livrar de outras que queremos olvidar.

A memória foi assim interpretada por Carlos Drumond de Andrade:

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O HOMEM E O SAPOTI



A vida sempre, trama a favor da natureza humana, sem que as pessoas o percebam. Quantas vezes passamos pelo mesmo lugar sem dar atenção a pequenos detalhes. Um dia como num despertar natural “ acordamos “ para tal percepção. Acredito que tenha sido isso que ocorreu com aquele ser , que um belo dia, descobriu uma singela árvore no percurso, que no mínimo, já fazia há muito tempo.

Entre as diferentes nuances de verde , lá estava aquela pequena e frágil árvore. Era um pé de sapoti. Árvore de porte médio com copa em forma piramidal , oriunda da zona da mata da região norte, tinha como principal característica a apresentação de um tronco fino e três pequenos galhos, conseqüência ,talvez , de podas anteriores. Estes galhos apresentavam-se lânguidos e mal cuidados. O solo ao redor parecia maltratado , não exibia frutos e suas flores eram tímidas.
E o homem num rasgo de ousadia, aceitou cuidar de perto da frágil árvore, que lhe chamou atenção.
Com o trato e o cuidar permanente , a natureza pareceu despertar naquela planta , um novo visual e maior robustez, demonstrando uma melhoria absoluta em sua nova roupagem.
Seus frutos logo se fizeram presentes, viçosos e abundantes , chamando atenção de quem por ali passava.
Foram bons tempos de dedicação , parecia haver uma simbiose perfeita entre a planta e seu protetor. Ele satisfeito por ter tido aquele rasgo de percepção em seu caminho, e aquela árvore lânguida , agora viçosa, robusta e frutífera já se destacava entre as demais.
A toda aquela dedicação a planta correspondia com belos frutos “Sapotis” . O cuidador ainda vinha ao longe, e suas folhas numa espécie de percepção odorífera já percebiam a sua aproximação.
Esta relação se mantinha contínua e amistosa. A planta ás vezes se ressentia pela pequena ausência do seu protetor.
.Mas foi um belo dia , que algo inesperado sucedeu. Ao tentar retirar o último fruto da última florada , percebeu o homem zeloso , que algo anormal se passava com sua árvore querida . Com ar de sofrimento ou indiferença, tentou a planta reter seu fruto, numa resistência, percebida pelo seu benfeitor. Após um breve entreolhar prosseguiu a colheita, deixando marcas indeléveis, no tronco da velha amiga.
Ambos haviam percebido que algo na relação havia mudado.
Daí em diante a vida prosseguiu sem tanta afinidade, cabendo ao benfeitor o sabor e imagem do último sapoti colhido e àquele espécime da floresta, restou o perfume daquele de quem tanto gostava, deixado em seu ambiente, quando este se afastara de seu cenário.
Assim são as coisas na vida , todas passageiras , transitórias – como diria o poeta – “ uma passagem de chuva” em nossos hiatos de vida.

Hoje ao passar no local percebem-se os gemidos dos galhos, da frondosa árvore, tocados pelo vento, somado a um perfume emanado das plantas que a cercam, provenientes das lembranças daquele ser, irradiadas pelo chão e que a natureza absorveu, para registrar o que ali ocorreu entre dois seres que se amaram.

sábado, 25 de outubro de 2008

FIGUEIRA - GAMELEIRA



Todas as vezes que vou ao Vale do Cuiabá em Itaipava, visito uma velha amiga , que muito admiro.
Trata-se de uma linda Figueira Centenária, que a cada ano se mostra mais exuberante e que talves 8 homens não consigam abraçar seu tronco. Suas raizes á guiza de manta se lançam ao redor do tronco.
As figueiras são plantas, geralmente árvores, do genêro Ficus, familia Moraceae. Também são conhecidas como fícus, gameleira (ou gomeleira) e caxinguba, palavra de origem tupi-guarani. Há mais de 1000 espécies de figueiras no mundo, especialmente em regiões de clima tropical e subtropical e onde haja presença de água. O gênero Ficus é um dos maiores do Reino Vegetal.

As figueiras podem crescer de forma enérgica e por isso não é indicado que se cultivem figueiras de grande porte perto de casas, pois o crescimento de suas raízes têm a capacidade de deformar as paredes das residências.

Entre as principais espécies, merecem destaque:
F. elástica, árvore da Borracha ou falsa Seringueira, é uma das árvores tropicais mais cultivadas do mundo. Nativa da Ìndia, é uma árvore de porte imponente, cujo caule e raízes, e tamanho das folhas, pode se apresentar de maneiras diferentes, de acordo com a variedade e as condições de cultivo. Normalmente produzem muitas raízes adventícias que, ao alcançar o solo, engrossam-se como verdadeiros troncos auxiliares. Alguns usam seu Látex como bronzeador. Na verdade este látex é extremamente tóxico, e exposto ao sol, ele destrói a pele (o efeito de "bronzeamento", na verdade, é conseqüência da morte do tecido). Exposição prolongada ainda pode causar problemas sérios. Ela não deve ser cultivada em passeios ou jardins confinados, devido ao seu porte.
F. benjamina, fícus, ou figueira-benjamim originária da Índia, é cultivada por sua folhagem brilhante e delicada. É comum vê-la em vasos, com porte baixo e copa podada, mas é uma planta que pode ultrapassar os 20 metros de altura, e suas raízes podem destruir muros e pavimentos com facilidade. No Brasil é cultivada na Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro.
F. microcarpa, ou laurel-da-índia, é outra espécie indiana introduzida no Brasil como ornamental. Ao contrário das outras figueiras exóticas ela consegue se reproduzir no Brasil, a partir da décadas de 1970 e 1980. O curioso é que as vespas nativas brasileiras se adaptaram, ou vespas asiáticas, vindas da Àsia a partir do Havaí e do território continental dos Estados Unidos, conseguiram se reproduzir no Brasil e efetuar a polinização de suas flores. Atualmente, a figueira se reproduz espontaneamente e é propagada por pássaros. Suas sementes germinam em rachaduras de construções, pontes, tetos, muros e calçadas. Esta espécie cresce tanto quanto a figueira-benjamim, e por isso deve ser cultivada em áreas amplas de parques. Na Praça da República, no Rio de Janeiro, crescem inúmeras figueiras centenárias desta espécie.